quinta-feira, junho 21, 2007

Gosto...

Gosto!...

Gosto do cheira da terra quando lhe caiem os primeiros pingos de chuva! Gosto de ti! Mesmo sem saber que levas anos-luz de avanço nesse amor!
Gosto de subir a uma montanha para perceber que ela só é alta vista do vale! Gosto de perceber que subindo a montanha não há impedimentos! Ah! E gosto de ti mesmo sabendo que o teu amor por mim está anos-luz a frente do meu!
Gosto de percorrer galáxias parado na escuridão do meu quarto! Percorre-las todas mesmo sem as conhecer pelo seu nome! E… gosto de ti mesmo sabendo que já me amas há muito tempo sem que eu o saiba!
Gosto dos meus filhos rebeldes e de ser um pai complacente! Gosto das birras deles! Gosto de os ver crescer a cada dia que passa e que me façam perguntas que me deixam sem resposta, pela surpresa desta ou por me deixar completamente sem reacção! E gosto de ti porque revelaste um amor que eu nunca vi!
Gosto de ter uma criança nos meus braços fortes e chorar ao vê-la protegida nestes mesmos braços! E percebo que já gostava de ti mesmo sem saber que já me amavas incondicionalmente!
Gosto de subir a uma árvore para me sentir um puto sem problemas! Ah! E amo-te mesmo sabendo que o amor que sinto pode nunca ser possível!
Gosto de viajar sentado no sofá, num livro que me leva bem longe, lá onde nunca sonhei, mas onde vou! Gostava que houvesse um livro que me leve a ti e ao amor que tu tens por mim! Amo-te a ti que já me amavas antes quando eu ainda não via! Era cego!
Gosto de escrever como que por um impulso, como faço agora e que talvez isto não tenha sentido a não ser para ti que me amas e amavas quando eu não via! Era cego!
Gosto de ser como sou! Parecer distante, mas estar mais perto do que se possa imaginar e parecer! Gosto de ti porque já gostavas de mim há muito tempo que de tão longo já está perdido na memória!
Gosto de ser como sou! Estar alheado de tudo mesmo sabendo que me apercebo de ti! Mas também gosto de surpresas, de saber que já me amavas e nunca vi! Era cego!
Gosto do meu Benfica e da sua águia mesmo sabendo que cada vez voa mais baixinho! Gosto de ti sem saber bem o porquê, desse teu amor cego e incondicional!
Gosto de rir por tudo e por nada! Gosto de sentir que não deixarei de rir, porque não quero que me percebas triste, mesmo quando a vida me disser que tenho de ficar triste! Rir quando não te conseguir ver, mas por saber que algures em algum lado desta terra pequenina e mesquinha tu estás a pensar em mim! E saber que efemeramente estás feliz porque pensas em mim! Gosto de rir porque me amas! Rir e virar as costas a tudo e não chorar!
Gosto de viajar em sonho, alem de um beijo teu, como tu sonhas há muito tempo com a possibilidade de poder ter um beijo meu! Porque me amavas sem que eu o soubesse!
Gosto das coisas que estão no limiar da impossibilidade, porque quando as concretizamos tem um sabor maior, porque foi difícil, porque foi duro, porque foi trabalhoso, mas uma vez conseguido valeu a pena! Gosto de poder saber que gostas de mim!

Manel

terça-feira, junho 05, 2007

Quiseste ir embora!

Quiseste ir embora!



Deixaste de sofrer! Penso antes que quiseste deixar de sofrer! Eu sei que quiseste deixar de viver, não desististe, porque nunca foste de desistir. Apenas já não aguentavas mais! Quiseste ir embora! Ainda não tomamos consciência disso, porque somos assim, queremos quem mais amamos o mais tempo possível junto de nós, sabes é um sentimento egoísta que temos, e de ti todos nós gostávamos muito, mesmo sabendo que sempre houve uma ou outra diferença de opinião como aconteceu sempre na vida de todas as pessoas, mas isso faz parte da vida.

As pessoas que amamos partem sempre antes de nós, e nós ainda não aceitamos que tenhas escolhido deixar de sofrer, porque para isso tiveste de ir embora! Deves ter-Lhe pedido para te aliviar a dor, já não tinhas mais forças, talvez tenhas até suplicado, mas não sei?! Acho que nem a Ele suplicarias, não por orgulho, mas porque sempre aceitaste as coisas boas ou menos boas sem te regozijares ou lamentares muito, aceitavas era assim que tinha de ser. Mas deves ter-Lhe pedido para te aliviar a dor e a amargura de teres de depender de tudo e de todos para continuar uma existência que não devia agradar muito, já que sempre foste uma pessoa que não precisava de ninguém, tu que andavas de passos firmes e fortes e olhavas as pessoas nos olhos, a tua postura era sempre erecta e as únicas vezes que inclinavas a cabeça era quando cumprimentavas as pessoas!

E a vida em muito pouco tempo levou-te a este estado em que já não tinhas controlo sobre o teu corpo e já não querias mais isso e sofrias com isso também! E quiseste ir embora! E agora que quiseste ir embora, ficamos tristes, mas ainda não tomamos consciência de que foste! Ficamos tristes mas ainda iremos ficar mais tristes daqui a uns tempos quando nos lembrarmos de ti! E todos temos as nossas recordações de ti e contigo!

Todos nos lembramos do quanto gostavas de pesca e todos nos lembramos que tivemos a nossa primeira experiência de pesca contigo. Para alguns foi a primeira e última, outros ainda aguentaram algumas pescarias, mas na realidade nenhum te seguiu os passos, talvez o quisesses, mas nunca o disseste abertamente a nenhum! E a caça lembras a caça?! Como tu gostavas daquilo, era quase uma religião! Também isso tentaste incutir-nos e alguns muitas vezes seguiram-te por esses montes e vales, mais longe ou mais perto, mas também ninguém te seguiu os passos! Davas a entender, mas não eras pessoas de jogar conversa fora!

Lembro também malaguetas bem picantes que nos passavas pelos lábios, algumas queimavam muito, mas sabíamos que era para nos tornar mais fortes, mais homens. Recordo também as velhinhas notas de Santo António que prometias a troco de apanhar um garniso, e olha que ele corria que se fartava. Mas nós cumpríamos a nossa parte e tu a tua, sempre assim foste.

Recordo que adoravas animais sobretudo cães e lembro um que tiveste que foi envenenado e sei que chorei muito por causa dele, mas também vi lágrimas nos teus olhos, porque gostavas dele e não percebias porque lhe fizeram tanto mal.

Lembro-me também que em pequeno eu só te via de longe a longe, não percebia que tinhas de ir trabalhar para longe, porque um dia segundo me disseram pudeste ser muito importante, pudeste ter tudo, mas a vida e a falta de sorte não permitiram que fosses alguém importante, mas isso já tu eras, sempre foste porque sempre foste tu!

Lembro também serões de Natal sentados no preguiceiro junto ao lar, onde se jogavam cartas e rapa a rebuçados, lembro dias de ano novo e aquela famosa feijoada ao almoço onde estávamos todos do mais velho ao mais novo!

Depois perdeste a companheira de toda a vida e começamos todos a ver-te definhar de dia para dia! Tinha saudades dela, mas nunca o mostraste a ninguém. Lembro mais coisas. Lembras as idas em segredo a uma ou outra tasca de que tinhas saudades, para beber uma boa pinga, mas tinha de ser segredo mesmo, porque afinal tinhas feito aquela operação ao estômago uns tempos antes, e não querias as tuas filhas preocupadas, como era lógico, pois elas não te queriam ver pior. E tinhas essas escapadelas com algum de nós para saborear uma pinga e nunca deixavas pagar. E ficavas aborrecido se alguém se antecipasse.

Depois de repente ficaste pior e deixaste de andar! Deixaste de poder controlar as coisas e ficaste nas mãos de quem há muitos anos atrás tiveste nas tuas! Mas tu não querias isso e estavas a sofrer e já não querias mais essa vida! Devias estar com muitas saudades da tua companheira de toda a vida e sem dizer nada a ninguém foste ter com ela! Sei que já a encontraste! Manda-lhe saudades! Nós ficamos bem!
Adeus até um dia!!!!

segunda-feira, maio 28, 2007

Há algo em ti que me fascina!!!!

Há algo em ti que me fascina!

Apareceste do nada… Reparava em ti como uma pessoa gira e interessante, daquelas que dá vontade de conhecer. Esse teu olhar curioso, fazia-me pensar no que poderias estar a pensar de mim… Mas devia ser só impressão minha… Eras muito nova, talvez demasiado nova até…Para pensar o que quer que fosse a meu respeito… No entanto não me saias da cabeça e não percebia bem porquê… Que tinhas tu afinal que me fazia quase parar quanto te via…

Um dia, naqueles em que arranjamos a coragem para enfrentar aquilo que queremos… e muito a medo vieste ter comigo… Tremias senti isso… As palavras custavam a sair… Mas acabaste por dizer ao que vinhas… Não vinhas a muito… Tinhas uma vontade muito grande de conhecer alguém que não te era indiferente… Sabes, nunca consegui perceber isso… Sabes, nunca o irei perceber isso…

Como é que podia um olhar sem se ter dito o que quer que fosse, podia de alguma maneira afectar uma mente, pode criar uma vontade de conhecer… Incompreensível o que pode fazer um olhar aliado a uma mente… Disseste-me: Há algo em ti que me fascina!
Não percebi, ainda hoje não percebo… Gostei do que ouvi, mesmo sem perceber porque o disseste.

Sabias que era impossível algo mais entre nós, sabias disso tudo e mesmo assim vieste e falaste… Explicaste tudo e fiquei perplexo, afinal eu não era um perfeito desconhecido… Já sabias de mim tudo o que havia a saber, tudo o que querias, por isso olhavas com esse teu olhar tímido, mas penetrante como que a querer falar…

Querias dizer com os olhos o quanto me estimavas o quanto eu te fascinava, e sei lá mais o quê!!!! E eu reparava nisso, mas estava sempre muito distraído com tudo, sempre abstraído deste mundo. Sabes nunca percebi bem este mundo… Não podias ter tal tipo de interesse… seria só mais uma curiosidade… Uma infantilidade pensava eu… Não podia ser, era impensável… Estava distraído com um outro mundo e que talvez não merecesse a minha atenção…

Há algo em ti que me fascina, disseste… E acho que tu tambem tens tudo tu para fascinar, apesar desse teu olhar tímido, mas penetrante… Mas sabes não me deixei fascinar, estava zangado com o mundo, com a vida e também com as pessoas… Não consegui ver o quão fascinante eras e continuas a ser…

Nas longas conversas que tivemos percebi que querias mais, que se talvez eu quisesse… que se talvez… Se…Se… eram muitos ses e eu não te ouvia, não te lia nas entrelinhas… E tu ias, mas voltavas, com novos argumentos… Se calhar nunca te levei a sério esses teus argumentos… Mas tu continuavas, agarravas-te aos teus argumentos como que se disso dependesse a tua felicidade…
Querias ver uma luz ao fundo de um túnel que estava fechado… Sabes algum tempo atrás esse túnel tinha sido bloqueado não sei bem porquê… Sei é que não tinha saída… E tu tentaste ver a luz pelo pior local… E foste embora depois talvez para sempre… Estavas magoada comigo… Eu era cego…

Ainda disseste algo muito tempo depois… Mas seria tarde… Desculpa se querias mais e eu não dei…Fazes-me agora entender a letra de uma musica que deves conhecer…
“Não falei contigo com medo que os montes e vales que me achas caíssem a teus pés... Saudade é o ar que vou sugando e aceitando como fruto de verão nos jardins do teu beijo... Desculpa se te fiz fogo e noite sem pedir autorização ao sindicato dos deuses… Mas não fui que eu te escolhi… Desculpa se te usei como refugio dos meus sentidos…”

E tu agora poderás dizer da minha atitude como diz essa mesma canção: “Ainda magoas alguém, o tiro passou-me ao lado… Ainda magoas alguém… Se não te deste a ninguém ainda magoas alguém… A mim passou-me ao lado… A mim passou-me ao lado…” Passou?

Há algo em ti que me fascina!!!!


Manel

domingo, março 11, 2007

Por agora estou a tua espera!!...

Por agora estou a tua espera!!...

Por agora estou à tua espera... sozinha nesta casa que, sem ti, me parece gigantesca… e não sei se deva esperar, porque nunca me deste a certeza de vires… talvez não venhas nunca mais... Então nestes momentos de solidão questiono-me sobre muitas coisas… uma delas é se vale a pena lutar por algo ou alguém que sabemos que nunca vamos ter totalmente; se os bons momentos que passamos juntos compensam estes em que me sinto completamente sozinha, mesmo estando rodeada de gente que me diz que tenho razão, que não prestas e que nunca devia ter-me interessado por um canalha como tu. Pessoa que só querem ver-me bem, mas a quem no fundo só me apetece bater, porque ao invés de me ajudarem, só tornam esse processo tão complicado, que é o esquecimento, ainda mais doloroso.

Sair seria uma boa ideia, se soubesse que não te iria procurar em cada homem de cabelo loiro, de olhos verdes e pele de bebé…então prefiro refugiar-me aqui em casa… olhar o sofá onde ouvíamos Enya bem juntinhos, onde víamos filmes românticos copiando, de seguida, os pormenores mais interessantes; olhar cada parede, porque todas elas têm histórias para contar: a brutalidade com que me atiravas para cada uma delas e me amavas, ali mesmo (porque a cama que estava a dois metros dali ficava demasiado longe!); olhar os móveis que ainda têm as tuas dedadas, não porque quisesse guardar uma recordação tua, mas porque odeio limpar o pó...

Mudar de casa pode parecer ridículo, mas não é nada que não me tenha passado pela cabeça!! Espero que isso te faça perceber a dimensão da minha angústia, do meu sofrimento...

Em cada porta-retratos, e apesar de já ter mudado todas as fotos, vejo sempre o teu sorriso, os teus olhos a brilharem... e se dissesse que não sabia porquê estaria a mentir, a mentir muito... durante cinco anos habituei-me a vê-las espalhadas pela casa, a beijá-las, a amá-las, como se nelas estivesse retratado um ídolo!!

Os dias, desde que te foste embora, têm sido iguais aos de sempre, a única diferença é a saudade... digo “única” como se essa mágoa não fosse terrivelmente dolorosa... relembro com singular nostalgia os dias em que me acordavas com o carinho e amor que só tu tinhas, que nunca encontrarei em outro alguém, que nunca alcançarei de novo, nem mesmo nos meus melhores sonhos!!
Se soubesses o quanto te desejo... Mais do que alguma vez desejei, mais do que alguma vez poderei desejar alguém, mais do que alguma vez possas vir a ser desejado por outro ser terreno!!

Quanto às noites... acho que não conseguiria encontrar, por mais que tentasse, adjectivos suficientemente macabros para as qualificar!! Mas se pensares que estou neste casarão sozinha, sempre à espera que voltes, sempre a pensar naquilo que vivemos, naquilo que sonhámos viver, naquilo que nunca viveremos, simplesmente porque me abandonas-te, deves conseguir fazer uma pequena ideia do que sinto!!

Não sei se algum dia vais ler estas cartas, que escrevo para ti e só para ti... não sei se algum dia serei capaz de as entregar... se algum dia terei uma morada tua onde as possa deixar... mas, e apesar de tudo, se elas chegarem a ti, um dia, talvez noutra vida, noutro mundo, no Paraíso, quem sabe?!, espero que acredites na veracidade do seu conteúdo, que sorrias, porque um dia, talvez noutra vida, noutro mundo, foste muito amado, e onde quer que estejas, no Paraíso, quem sabe?!, contínuas a sê-lo... e terás sempre alguém à tua espera!!



Até ao Paraíso....

Uma última visita!!


Uma última visita!!

Olho pela janela e só vejo a chuva... o vento do inverno que chegou mais cedo, estamos em Agosto. Mas ainda bem que chove. O tempo está a definir com precisão o estado da minha alma... os dias escuros, o anoitecer bem cedo... estou sozinha e triste, mas tenho de aguentar!

A tua presença faria com que me sentisse muito melhor… mas tu não estás! Ficam as tuas mensagens no telemóvel... as tentativas falhadas de me fazer um bocadinho mais feliz. Como se fosse possível arranjar felicidade quando se está a um passo de perder alguém... para sempre!

E a dor de ver alguém tão próximo às portas do fim junta-se ao medo de não ser capaz de consolar a mulher que mais amo no mundo, não ser capaz de dizer que vai ficar tudo bem... provavelmente porque sei que aquilo que para mim é ficar tudo bem, para ela é o partir do coração, é o fim de uma etapa que, com toda a certeza, nunca quereria encerrar.

Não imagino a dor que esteja a sentir… só sei que a cada ida ao hospital a esperança é menor... talvez o pensamento que a invade, quando a hora da visita acaba e tem de vir para casa, seja uma angústia enorme, a dúvida sobre o amanhã, porque esta pode ter sido a última visita!!

Vê-la chorar deixa-me um nó na garganta... mas não choro! Apesar de estar cinzenta por dentro não quero chorar, quero que ela perceba que sou um pilar forte, onde se pode apoiar quando precisar. Mas assim que me diz que é o fim só quero mudar de tema e se não consigo, fujo rapidamente para um canto da casa onde ninguém me sinta fraquejar. Estou demasiado debilitada para aguentar com uma cruz tão pesada, mas o orgulho é grande e prefiro esconder-me por trás de uma máscara de ferro...

Sinto-me terrivelmente perdida e angustiada, o que me faz acreditar que nunca serei capaz de viver, no papel de filha, um quarto do que ela tem vivido!! Então invoco alguém... um Deus, quem sabe?? Alguém que me ajude a encontrar uma aspirina para aliviar a dor... do coração!! Ou que me ajude a encontrar força em qualquer parte do meu corpo ou da minha alma, para que possa aguentar o meu sofrimento e atenuar o dela!!

Mas não há comprimidos para o coração e a força não chega, provavelmente porque está esgotada... e é então que me apercebo que apesar de toda a dor que sente, é ela quem me apoia a mim, o que me faz pensar, invariavelmente, que estou perante uma verdadeira mãe!!


ANA RAKEL

quinta-feira, outubro 05, 2006

Aguardo que o telefone Toque!

Aguardo que o telefone Toque!

Ansiosamente, quase como um desespero incompreensível, que não sei de onde vem, espero que o telefone toque! Espero nesta ânsia que ao olhar o telefone a tocar seja o teu número que vejo nele! Espero sempre, cada vez mais incomodado por este aperto do coração, que racionalmente não consigo compreender, porque não tem sentido!

Tu tardas a ligar, nem sequer chegas a ligar! Só quero dizer-te, que o que quero realmente é que consigas ser feliz… Penso que não sabes, talvez não tenhas tido tempo para entender e compreender ainda, que para mim isso sempre foi e será o mais importante ainda que a vida te leve para outras paragens onde eu não estarei, te leve para um lugar muito longe onde os nossos olhos não se possam cruzar, te leve para um lugar onde não se tenha inventado ainda os telefones para me impedir de ouvir a tua voz.

Ainda não tivemos tempo para nada, apesar de todo o tempo que já tivemos, pois o tempo e a vida são uns ladrões, mas eu e tu fomos ladrões mais espertos, porque conseguimos roubar tempo á vida e ao tempo e entrar na vida um do outro como furacão violento, mas agora vou assistindo dia a dia ao aparecimento de um fosso entre nós, quase a aproximar-se de um abismo, apesar de tudo o que sinto… Este verbo que se atravessa na nossa vida! Mas que neste momento não interessa para nada, tu não o queres conjugar em qualquer modo ou tempo, nem eu espero que o faças…

Custa-me ver-te cada vez mais cansada e desligada como se não tivesses forças para viver a tua vida e que te refugiasses em leis só tuas que achas que são as melhores para deixares contente toda a gente, sem teres de pensar muito em ti! Pois é mais fácil esquecer quem foste do que tu realmente pensas. E se continuares a viver desse modo vais habituar-te a viver assim sempre, e depois de muitos anos, que viveste a correr, vais olhar para o passado, e perguntarás que vida foi aquela, e só então conseguirás perceber, que foi a mais fácil a que escolheste e será talvez tarde, pensas…

Mas não adianta dizer-te que não tem de ser forçosamente assim, porque eu já vivi isso, e sei que tens de passar por isso também, mas o que eu quero mesmo é que sejas feliz! Realmente, embora me contraries nesse ponto, tu és como eu, pois o teu coração e tão grande como o meu, é enorme, só que ainda dorme e há uma forma de o tentar acordar… Para seres feliz há uma possibilidade!

Sei que sabes que não te vou falar de casas lindas ou bens materiais, sei que sabes que não te vou falar de seres conhecida e reconhecida e teres uma legião de fãs, sei que sabes que não te vou falar de grande realização pessoal, e sei que sabes que não te vou dizer que é o tornar os teus sonhos reais… Tudo isto te trás felicidade é verdade, mas efémera e não é disso que te falo! Alias a isso chamo-lhe complemento da felicidade.

O que te quero dizer e falar é bem mais difícil que isso! É o tempo que nos o ensina e a vida que nos o mostra! Tem de se praticar como um fisioterapia dolorosa e que não queremos porque custa, mas temos que fazer até ao fim, pois vale a pena! É o enigma mais difícil e complexo para quem nunca o teve, mas a equação mais simples para quem já o viveu! A resposta é fazer feliz quem se ama! A coisa mais triste é quando se mata um amor!...

Mas isso é parte da vida, como a morte, como a falta de sorte, como o estar onde não se deve em determinado momento, como eu e como tu! O nosso amor, aquele que o tempo, a falta de sorte e sobretudo o medo tentam matar, está para sempre guardado! Assim um dia servirá para fazer alguém feliz, como em tempos te fiz a ti e tu a mim, num época sem tempo e perdida no tempo em que eras tu que estavas comigo e a não a imagem de ti que criaste para enganar o tempo o mundo e a mim!

Quando quiseres descansar e olhar para dentro, veras que não é assim tão difícil e está tudo aí! Como tudo na vida basta que o queiras! O tempo ensinou-me a amar assim, eu amo-te assim, e sei que as pessoas que partem são aquelas que amo e sei que tenho que as deixa partir, mesmo que isso me deixe vazio, oco e cansado! A vida ensinou-me a deixar partir as pessoas pois sei que nascemos e morremos sozinhos e tudo o que realmente importa descobre-se na solidão.

E tenha eu toda a força do mundo para te amar e queira suavizar as tuas quedas com os meus braços firmes, sei que é impossível pois só tu podes crescer e encontrares o que é melhor para ti. Desejo ardentemente que não tenhas que passar por isso, porque te amo e o que mais quero é que sejas feliz!

O telefone não toca… e quero dizer-te, que o que quero realmente é que consigas ser feliz… Comigo…

Manel

sexta-feira, agosto 04, 2006

Não sei porque te foste embora?

Não sei ao certo quando te foste embora. Quando partiste para não mais voltar, ou talvez para voltares quando precisares de carinho, de um tecto para dormir ou simplesmente de alguém com quem possas desabafar, a quem possas contar todos os teus esquemas, os teus delírios, sabendo que nunca serás julgado.
Não sei ao certo quando te perdi. Se é que alguma vez te tive! Se é que alguma vez foste meu; se é que alguma vez te entregaste totalmente a mim!

Sinto um vazio enorme. A falta de algo essencial à minha existência, como se fosses o pão que me alimenta… em simultâneo sinto a vergonha, a culpa, a frustração! Eu que afirmei, algures, não acreditar no amor; achar que tudo era superável, vejo agora as minhas palavras ridicularizadas. E percebo como é fácil falar de ânimo leve, sem o peso dos problemas, ao qual costumam denominar de «fardo pesado» e so agora compreendo porquê.

Neste momento ando a deambular pela casa, com os braços ao redor de mim mesma, talvez tenha medo de me perder a mim também... como se isso não tivesse acontecido ainda. Foste embora e levaste contigo todas as minhas qualidades, as minhas virtudes, deixas-te apenas um ser pequeno, vazio, sem sentimentos bons, sem vontade de viver... uma verdadeira PULGA! E não queiras saber o que isso é, ninguém queira saber o que isso é, pois não imaginas o quão doloroso pode ser;

Deito-me na cama e não consigo dormir. Não sei se porque falta, ao meu lado, um corpo ao qual já estava habituada, ou porque só quero afastar-te do meu pensamento… mas é impossível! Tento lembrar-me das piores atrocidades, dos meus piores pesadelos, tentar de alguma forma abstrair-me de ti mas nem mesmo os cenários mais macabros se mantêm no meu cérebro durante mais de cinco minutos... volta sempre ao pensamento qualquer coisa que me faz pensar em ti... TENHO SAUDADES!

Por muito que negue, por muito que tente enganar-me a mim mesma dizendo que este processo tao doloroso e prolongado, que é o esquecimento, podia ser bem pior, não há consolação possível... tenho sentido MESMO a tua falta!

Sinto saudades das tuas mãos de bebé a tocarem a minha pele, sinto saudades do teu cheiro a Acqua di Gio (que já de si é óptimo, mas que no teu corpo se metamorfoseia num aroma digno do paraíso...) os braços que me pegavam ao colo, o sorriso de metal, os caracóis, a pele morena … são características comuns a qualquer homem, mas tenho a certeza que nunca encontrarei em nenhum outro tanta inocência, tanta castidade como a que descobri em ti!

Preciso de ti, da tua protecção, da tua amizade, do teu carinho... preciso que trates de mim como se fosse uma princesa! Podes colocar-me numa redoma de vidro e tirar-me apenas para me beijar, para me amar, se assim o entendesses e, acredita, que esse sustento seria suficiente para a minha sobrevivência. Podes voltar a dizer que me amas e eu vou voltar a acreditar em ti. Porque quando alguém ama, tudo espera, tudo suporta, tudo crê… e, definitivamente percebi que te amo!

Estou à tua espera...


Ana Rakel

segunda-feira, julho 24, 2006

Hoje estou sem sono!

Hoje estou sem sono!
Não sei da porcaria do comando! Como sempre está em cima da televisão!
Mas estou sem sono porque penso nesta noite, a segunda que passei contigo até altas horas! Fascinas-me sabes?


Não sei o que tens ou o que vejo em ti! Será a tua maior juventude em relação a mim?... Sim poderá ser essa tua juventude experiente e irreverente que no fundo desejo para mim! Serão as tuas gargalhadas saudáveis e nada fingidas, mas com um travo amargo de angústia de quem está expectante e a sofrer! Será a forma como os nosso olhos se fixam por fracções de segundo talvez a tentar perceber o que realmente sentimos e o que vai na cabeça um do outro! Será tudo isso!


És definitiva e infinitamente interessante e eu quero, se mos quiseres dispensar, mais destes momentos, em que me esqueço de mim e me esqueço do mundo e me entrego atentamente a ti! Ouvir-te é uma aprendizagem constante… Sorvo cada uma das tuas palavras como se fosse as ultimas que oiço, pela vida, pela alegria e pela saudade que transmitem!...

Falas de ti e do teu passado com um misto de felicidade e saudade que te provoca um brilho intenso nos olhos, com uma claridade tal que cega os meus. Nesse momento transportas-me ao teu passado com observador directo e discreto! … E vejo-te nesse teu passado a fazer todas as traquinices que me contas nesse momento! Chego a vivê-las tão intensamente como tu o fizeste nesse teu tempo passado e relembrado agora com esse misto de felicidade e saudade… Vejo, enquanto me falas, as tuas pequenas conquistas e vitorias, os teus sonhos de menina rebelde que ainda hoje queres realizar.

Consigo ver também os teus familiares, o irmão que adoras, os pais que veneras, sinto em mim a forma completa como te educaram e fizeram mulher. Observo todo o teu percurso até este momento em que estamos nesta noite, só nossa, a conversar ou melhor esta noite em que não me canso de ouvir-te, e sinto em ti esse nervosismo, essa ânsia muito grande de quem não quer deixar escapar o mais ínfimo pormenor para que eu perceba e veja o quanto tu foste feliz desde o dia em que nasceste até este momento em que te oiço.


Depois noto-te triste, de repente, porque as tuas lembranças se tornam mais recentes; lembranças que trazem mais saudade de tristeza que alegria, quase raiando a infelicidade, só não chegando lá pela ténue esperança que todos temos até ao fim e muitas vezes depois do fim de que as coisas possam ser melhores, e alimentas essa possibilidade que te alimenta a alma mas te angustia também todo o teu ser! Nesse momento fico triste contigo e não percebo porque tens de sofrer!

E digo-te isso mesmo!
E tenho medo que as minha palavras te entristeçam ainda mais e calo-me, mesmo sentido que não devo! Mas calo-me! E tenho raiva de mim por não te dizer alguma coisa ao ver essa tristeza profunda por baixo dessa gargalhada saudável e nada fingida!
Não percebo porque tens de sofrer!

E sinto-me impotente! E não quero! E luto interiormente para soltar as palavras que te quero dizer; que deves ir em frente e lutar por tudo aquilo que desejas, sem que para isso te tenhas de submeter a vontade alheia!... Nunca o faças, outro modo deixas de ser tu e passas as ser o que outros querem que sejas, e isso é falso e isso magoa e isso vai fazer-te sofrer também, e eu não percebo porque tens de sofrer?!

Apetece-me nesse momento abraçar-te para que sintas que não precisas de sofrer! Sinto vontade de te arrebatar deste mundo que magoa, para aquele mundo da tua infância onde ainda podes ser feliz! Mas também para isso me sinto impotente! Mas gostava de levar-te para lá e ficar lá contigo para ver-te sempre feliz e com essa gargalhada saudável e nada fingida, porque não percebo porque tens de sofrer! Mas eu não tenho esse poder!

Resta-me então dizer que estou aqui para te ouvir triste ou contente, dizer-te que sempre que precisares estarei lá para teres um abraço, para ver-te chorar e te secar as lágrimas! Para isso basta que o peças ou basta que eu o sinta, porque não percebo porque tens de sofrer!?
Estou sem sono! Onde está o comando?

Manel