sexta-feira, agosto 04, 2006

Não sei porque te foste embora?

Não sei ao certo quando te foste embora. Quando partiste para não mais voltar, ou talvez para voltares quando precisares de carinho, de um tecto para dormir ou simplesmente de alguém com quem possas desabafar, a quem possas contar todos os teus esquemas, os teus delírios, sabendo que nunca serás julgado.
Não sei ao certo quando te perdi. Se é que alguma vez te tive! Se é que alguma vez foste meu; se é que alguma vez te entregaste totalmente a mim!

Sinto um vazio enorme. A falta de algo essencial à minha existência, como se fosses o pão que me alimenta… em simultâneo sinto a vergonha, a culpa, a frustração! Eu que afirmei, algures, não acreditar no amor; achar que tudo era superável, vejo agora as minhas palavras ridicularizadas. E percebo como é fácil falar de ânimo leve, sem o peso dos problemas, ao qual costumam denominar de «fardo pesado» e so agora compreendo porquê.

Neste momento ando a deambular pela casa, com os braços ao redor de mim mesma, talvez tenha medo de me perder a mim também... como se isso não tivesse acontecido ainda. Foste embora e levaste contigo todas as minhas qualidades, as minhas virtudes, deixas-te apenas um ser pequeno, vazio, sem sentimentos bons, sem vontade de viver... uma verdadeira PULGA! E não queiras saber o que isso é, ninguém queira saber o que isso é, pois não imaginas o quão doloroso pode ser;

Deito-me na cama e não consigo dormir. Não sei se porque falta, ao meu lado, um corpo ao qual já estava habituada, ou porque só quero afastar-te do meu pensamento… mas é impossível! Tento lembrar-me das piores atrocidades, dos meus piores pesadelos, tentar de alguma forma abstrair-me de ti mas nem mesmo os cenários mais macabros se mantêm no meu cérebro durante mais de cinco minutos... volta sempre ao pensamento qualquer coisa que me faz pensar em ti... TENHO SAUDADES!

Por muito que negue, por muito que tente enganar-me a mim mesma dizendo que este processo tao doloroso e prolongado, que é o esquecimento, podia ser bem pior, não há consolação possível... tenho sentido MESMO a tua falta!

Sinto saudades das tuas mãos de bebé a tocarem a minha pele, sinto saudades do teu cheiro a Acqua di Gio (que já de si é óptimo, mas que no teu corpo se metamorfoseia num aroma digno do paraíso...) os braços que me pegavam ao colo, o sorriso de metal, os caracóis, a pele morena … são características comuns a qualquer homem, mas tenho a certeza que nunca encontrarei em nenhum outro tanta inocência, tanta castidade como a que descobri em ti!

Preciso de ti, da tua protecção, da tua amizade, do teu carinho... preciso que trates de mim como se fosse uma princesa! Podes colocar-me numa redoma de vidro e tirar-me apenas para me beijar, para me amar, se assim o entendesses e, acredita, que esse sustento seria suficiente para a minha sobrevivência. Podes voltar a dizer que me amas e eu vou voltar a acreditar em ti. Porque quando alguém ama, tudo espera, tudo suporta, tudo crê… e, definitivamente percebi que te amo!

Estou à tua espera...


Ana Rakel